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Um raio X da nação das startups

Israel possui cerca de 4.800 startups, mais que qualquer outro país fora os Estados Unidos, de acordo com dados da Israel Venture Capital Research Centre. Para Hananel Kvatinsky, presidente da unidade israelense da Licensing Executive Society (LES) – um dos palestrantes estrangeiros já confirmados para a 14ª Conferência Anpei, que acontece nos dias 28 e 29 de abril, no ExpoCenter Norte, em São Paulo, um dos fatores que explicam a profusão de startups são os programas realizados pelos ministérios da Indústria, Comércio e Trabalho e da Economia de Israel.

O presidente da LES de Israel conhece bem o sistema de inovação do seu país. Advogado, com mestrado em engenharia e MBA pela Universidade de Tel Aviv, possui mais de 20 anos de experiência na área. Já atuou na RAMOT, braço da Universidade de Tel Aviv, focada no licenciamento de pesquisas aplicadas, e hoje é diretor de Propriedade Intelectual da Orbotech, empresa que fornece soluções para a indústria eletrônica.

Apoio completo – Os programas do estado de Israel, explica ele, suportam os diversos estágios das atividades de P,D&I das startups – boa parte estruturada na forma de fundos. Um deles, o TNUFA, é um fundo pré-capital semente que auxilia inventores individuais e startups nos primeiros estágios de seus projetos, financiando atividades como avaliação de potencial tecnológico e comercial, depósito de patente, construção de protótipo, elaboração do plano de negócios e a fase inicial do desenvolvimento do negócio.

Outro exemplo é o programa MEIMAD, que encoraja e financia o desenvolvimento de tecnologias de uso dual, aquelas que são empregadas na área militar, mas têm potencial para uso civil. Há ainda fundos para estimular a inovação em áreas específicas, a exemplo de um com foco na indústria de biotecnologia.

Israel possui um programa nacional de incubadoras que oferece apoio para atividades de P&D, marketing, infraestrutura, orientação tecnológica e de negócios, assessoria jurídica, regulatória e administrativa. Também dispõe de financiamento para a atividade de P&D pré-competitiva, para encorajar a formação de consórcios em Israel ou fora do país, como, por exemplo, os Magnet Instruments, que estimulam parcerias entre empresas ou entre companhias e instituições de pesquisa.

Em alguns programas, o dinheiro, diz Kvatinsky, é oferecido com restrições relacionadas à propriedade intelectual. “Para cada projeto, o status da propriedade intelectual é examinado e se, por exemplo, houver uma terceira parte que pode impedir a empresa de explorar os resultados do projeto de P,D&I, provavelmente a companhia não conseguirá os recursos”, explica. Também há limitações para transferir para o exterior propriedade intelectual gerada a partir de projetos financiados pelo governo israelense.

“Como em qualquer país, a habilidade das companhias em preservar sua propriedade intelectual é crucial para seu sucesso, mas temos de nos lembrar que Israel é um mercado relativamente pequeno”, diz ele. “Portanto, a maior parte da indústria inovadora está olhando para fora do país, seja porque o foco é a exportação de seus produtos ou porque a estratégia é vender o negócio no futuro por meio de fusão ou aquisição”, acrescenta.

O resultado disso, segundo Kvatinsky, é que muitas companhias israelenses depositam patentes em outros países e não em Israel. “Por outro lado, tendo em vista o caráter inovador de outros desenvolvedores, há uma preocupação em depositar pedido de patente também em Israel, de forma a bloquear a concorrência a partir de casa”, explica.

Serviço: A palestra de Hananel Kvatinsky será realizada no painel “Transformando Tecnologias em Negócio”, no dia 29 de abril, das 16h45 às 17h35. Outro palestrante deste painel será o brasileiro, Raul Hey, da Danneman Siemsen, escritório especializado em propriedade intelectual. Mais informações sobre a programação e inscrições no site:www.anpei.org.br/conferencia/